As aventuras de Tintim

Em contagem regressiva para o lançamento do primeiro filme da trilogia de Tintim. Neste primeiro episódio o aventureiro Tintim compra para o amigo Haddock um modelo de um galeão antigo, que, por coincidência, era a réplica do navio de um antepassado do capitão, o cavaleiro de Hadoque. O modelo é roubado, e logo depois a casa de Tintim é toda revirada. O que os assaltantes procuravam? Por sua vez, o capitão acha no sótão de casa as memórias do cavaleiro. Nelas, ele narra seu encontro no Caribe com o pirata Rackham, o Terrível, que o captura com seu navio, para o qual transfere os tesouros que havia pilhado. O cavaleiro consegue escapar e afunda o Licorne com todo o tesouro a bordo. Divide o mapa com a localização do naufrágio em três partes, que esconde em réplicas do navio. Muitos anos depois, Tintim e seus amigos decidem buscar as partes do mapa, sabendo que para isso terão de driblar uma perigosa quadrilha.

Muito se tem escrito sobre a ideologia da série. A obra é objeto de polêmica, em grande parte graças à contínua reedição das aventuras, que foram concebidas há muitos anos, em um contexto inteiramente diferente. Já se acusou Hergé de propagar em seus álbuns violência, crueldade para com os animais, pontos de vista colonialistas, racistas e até mesmo fascistas; foi acusado também de suposta misoginia, dado que quase não aparecem mulheres na série. Essas acusações se referem apenas a aspectos pontuais, não podendo-se dizer que sejam pontos de vista predominantes da série. Nesse sentido, há uma certa "lenda negra" de Tintim, devido ao fato de Hergé ter publicado algumas histórias em um jornal aprovado por nazistas, o Le Soir, durante a ocupação alemã na Bélgica.

Hergé jamais negou suas ideias conservadoras. Talvez por esse motivo, Tintim seja a favor da ordem estabelecida, o que não o impede de dar atenção aos menos favorecidos, e, em muitas ocasiões, tomar o partido destes. Ao longo de suas viagens, ele demonstra um verdadeiro interesse e respeito pelas culturas não-europeias, o que se manifesta também na vontade de seu criador de fazer pesquisas meticulosas para a confecção dos álbuns.

Entretanto, a evolução da série em quadrinhos (que vai da década de 1930 até os anos 80) faz com que a descrição do personagem reflita a forma como a visão de mundo de seu autor (e da própria civilização ocidental, de uma forma geral) se altera, livrando-se de preconceitos ou agregando outros, de forma que o personagem possua um leve sentimento colonialista e eurocêntrico em suas primeiras histórias e passe a lutar pela independência das antigas colônias sul-americanas nas últimas histórias.

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